Números, números, números

Num instante,
de repente,
cá estava eu
novamente
pensando
como todos
os outros.

E bateu aquele aperto,
aquela cobrança
de que tenho que ser mais,
ou melhor,
de que tenho que ter mais
daquilo que uns têm
e que outros nem têm.

Números, números, números…
O homem venera os números
porque sempre se pode
acrescentar mais um…

Então o homem se esquece
de aproveitar de verdade
aquilo que tem,
e aproveita
ainda muito menos
aquilo que é.

Porque nunca lhe convém
se sentir bem
com o que já tem.

Existe a Terra do Nunca
e a Terra do Sempre…
Sempre correndo atrás
de números.

É nessa que a gente vive.

É o mundo do
tenho, você não tem;
fui, você não foi;
vou, você não vai;
você já foi?
Eu fui mais...
Mas todos se vão!

Enquanto isso,
não preciso de muito
para ser feliz.

Por isso relaxo e respiro,
afinal, eu prefiro
pensar e existir.

Prefiro viver,
ao invés de passar
a maior parte do tempo
insatisfeito e tentando
decorar números,
em busca de mais números.

Ricardo Starling

Brasília, 4 de fevereiro de 2021.

4 respostas para “Números, números, números”

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