Num instante, de repente, cá estava eu novamente pensando como todos os outros. E bateu aquele aperto, aquela cobrança de que tenho que ser mais, ou melhor, de que tenho que ter mais daquilo que uns têm e que outros nem têm. Números, números, números… O homem venera os números porque sempre se pode acrescentar mais um… Então o homem se esquece de aproveitar de verdade aquilo que tem, e aproveita ainda muito menos aquilo que é. Porque nunca lhe convém se sentir bem com o que já tem. Existe a Terra do Nunca e a Terra do Sempre… Sempre correndo atrás de números. É nessa que a gente vive. É o mundo do tenho, você não tem; fui, você não foi; vou, você não vai; você já foi? Eu fui mais... Mas todos se vão! Enquanto isso, não preciso de muito para ser feliz. Por isso relaxo e respiro, afinal, eu prefiro pensar e existir. Prefiro viver, ao invés de passar a maior parte do tempo insatisfeito e tentando decorar números, em busca de mais números. Ricardo Starling Brasília, 4 de fevereiro de 2021.

