(para o meu bom e velho Luke)
Cachorro,
preto, branco, marrom,
bicolor, tricolor, colorido,
acabou de acordar,
dormindo, acordado,
dormindo, acordado.
Fedido!
Rabo grosso,
rabo fino.
Tem raça ou é virador?
Todo cachorro se vira…
Vira-mundo, vira-latas, vira-humanos,
vira os donos, vira-tudo
de pernas pro ar,
de cabeça pra baixo
(o meu é labrador!).
A gente é que pensa que domina
os cachorros.
Os cachorros têm certeza do contrário:
“dominamos!”.
São donos das migalhas,
de um saco inteiro de pão.
Têm até ração,
mas é segunda opção.
Quer mesmo é o que está
na mão.
Churrasco, então…
(tem cachorro vegetariano!)
São donos de todos
os corações de seus donos.
E são cheios de manias
que aprenderam com a gente.
Ah… que olharzinho amoroso…
Tem cachorro que morde
(e morde até o rabo).
Pra cada coisa um olhar
ou um barulhinho gostoso.
Tem cachorro até cheiroso.
Repito: o meu tá fedido!
Mas isso é um mero detalhe
que o torna ainda mais perfeito.
Porque ele me ama do meu jeito
e nunca se importa se eu estou fedido
(ele até gosta).
Quer carinho o dia inteiro…
Uma das maiores virtudes do meu cão
é que ele não fala!
Mas ele vem todo cheio de baba.
Sai pra lá! Não!
Pra não xingar coisa pior.
Depois vem o melhor:
vem o cachorro,
pedindo perdão
por me amar tanto,
me sujar tanto,
por feder tanto…
Mesmo que a culpa seja minha
por não lhe dar banho.
E é assim todos os dias...
Todos, todos, todos.
Neste coração canino tem espaço para todos.
Ricardo Starling
Brasília, 16 de janeiro de 2021
Os remédios para mudar o mundo
têm gosto amargo.
Eu quero atacar o falso real,
de conhecimento geral,
o produto eleito
pela nação,
pela maioria,
em algum delírio social.
Explicar a natureza humana,
sua razão
e sua existência
através da moral ou da ciência
é perda de tempo.
Tem gente que
não ouve nem vê
o que há de melhor,
mas compra e vende
o que há de pior.
E a tal da moral
põe a culpa no meu ombro.
Diz que tudo é um vício,
até gostar de você;
que tudo é errado,
é escombro,
e oprime o que há
em mim
de mais natural.
Viver comigo não é um perigo.
No caminho que eu sigo,
o verdadeiro inimigo
é muito mais perigoso.
Esta canção ou poesia
não é triste.
Triste é quem encontra
tristeza nesta canção
ou poesia.
Pois encontrar alegria
na Divina Tragédia da vida
é ser verdadeiramente feliz.
E não importa a força do golpe,
terei sempre algo a dizer.
Brasília, 15 de janeiro de 2021
Inaugurando o primeiro dia destas férias e um novo estilo de vida. As prioridades são: (1) álbum “João do Sertão”; (2) horta “Roots on the Table”; e (3) publicação deste blog. Vamo que vamo!