(para o meu bom e velho Luke) Cachorro, preto, branco, marrom, bicolor, tricolor, colorido, acabou de acordar, dormindo, acordado, dormindo, acordado. Fedido! Rabo grosso, rabo fino. Tem raça ou é virador? Todo cachorro se vira… Vira-mundo, vira-latas, vira-humanos, vira os donos, vira-tudo de pernas pro ar, de cabeça pra baixo (o meu é labrador!). A gente é que pensa que domina os cachorros. Os cachorros têm certeza do contrário: “dominamos!”. São donos das migalhas, de um saco inteiro de pão. Têm até ração, mas é segunda opção. Quer mesmo é o que está na mão. Churrasco, então… (tem cachorro vegetariano!) São donos de todos os corações de seus donos. E são cheios de manias que aprenderam com a gente. Ah… que olharzinho amoroso… Tem cachorro que morde (e morde até o rabo). Pra cada coisa um olhar ou um barulhinho gostoso. Tem cachorro até cheiroso. Repito: o meu tá fedido! Mas isso é um mero detalhe que o torna ainda mais perfeito. Porque ele me ama do meu jeito e nunca se importa se eu estou fedido (ele até gosta). Quer carinho o dia inteiro… Uma das maiores virtudes do meu cão é que ele não fala! Mas ele vem todo cheio de baba. Sai pra lá! Não! Pra não xingar coisa pior. Depois vem o melhor: vem o cachorro, pedindo perdão por me amar tanto, me sujar tanto, por feder tanto… Mesmo que a culpa seja minha por não lhe dar banho. E é assim todos os dias... Todos, todos, todos. Neste coração canino tem espaço para todos. Ricardo Starling Brasília, 16 de janeiro de 2021






